Foi-se o tempo em que se acreditava na história de que os escravos preparavam para si substanciosos caldos de feijão cozido com miúdos de porco ou de boi que haviam sido descartados por seus “donos”. De provável inspiração europeia, a feijoada sempre esteve mais perto da casa grande do que da senzala; tratados como animais, quando muito, os cativos costumavam se…
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Uma história de escravidão, pães caseiros e cenouras miudinhas
Se Dona Risoleta estivesse viva, teria feito no último dia 20 de março 117 anos. Na década de 1970, quando beirava os 80, ela falou de sua vida para a psicóloga Ecléa Bosi (hoje professora emérita da Universidade de São Paulo), que então realizava as entrevistas que analisaria para o importante trabalho Memória e Sociedade: lembranças de…
Comida de avô, no lombo do burro, no meio da tropa
A imagem do feijão-tropeiro cristalizou-se como a de um potente PF de tutu ou virado com bastante toucinho (ou bacon), acrescido de couve e, às vezes, também linguiça. Alguns dizem que a diferença entre essas receitas seria a farinha utilizada para engrossar o feijão: de mandioca, para o tropeiro; de milho, para o tutu e o…
“O almoço era um feijão-tropeiro feito na trempe”
“Meu nome é José Alves de Mira, eu nasci em outubro de 2024, como é que é? De 1924, né? Meu pai trabalhava na enxada, plantava muito, a gente plantava muito e trabalhava com tropa. Nas colheitas, ele trabalhava com tropas. Baldear as coisas para a cidade era o trabalho dele. Levava arroz, feijão, milho,…
“Quando você refogava o feijão, o que cheirava, menina, fazia gosto!”
“Quando eu fiz 10 anos, aí eu já fui mexer, fui trabalhar com a tropa. Tinha um homem até me esperando, um sujeito muito amigo de meu pai, que já estava me esperando para eu ir trabalhar com ele. Eu ia ser cozinheiro. Cozinheiro, que, na tropa, gastavam um cozinheiro, um tocador e um arrieiro. Quando…
Comida de mãe, segundo as regras da tataravó
Quando o doutorando Antonio Candido (hoje renomado literato, aos 98 anos de idade) estudou de perto as comunidades de bairros rurais de algumas cidades do interior de São Paulo, entre 1947 e 1954, observou que as mulheres recém-mães mantinham um velho costume de “guardar” os quarenta dias após o parto. No estudo que resultou em sua…