Mesmo diante da mesa fartamente preparada para as festas de fim de ano, a avó de João Carlos Pinto Casangel da Silva dizia: “Eu não gosto de cozinhar”. Acostumada a fazer um bolo para cada dia, cada um de um sabor diferente – vai que aparece alguém sem avisar! -, ela só podia estar brincando…
Categoria: Fatias de memória
Os leitores compartilham suas memórias de gosto, aquelas que ajudam a contar a própria história e que, muitas vezes, são tão difíceis de alcançar. Você pode participar. Copie e cole este link em seu navegador e preencha o questionário: https://goo.gl/forms/X963WgXYzAWLoX4F3
Mingau de coco colegial
Mora no mingau de coco o sabor mais importante para Datagnan Oliveira Lima Moreira. Nascida no ano de 1979 no município de Gonçalves Dias, no Maranhão, era essa a merenda preferida dela no colégio de freiras da ensolarada Belém do Pará, onde passou parte da infância. Hoje Datagnan vive em Águas Claras, Brasília (DF). “Mingau de coco colegial…
Infância vivida, carne ensopada
Magda Lúcia Pereira nasceu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Ela mora em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo. Mas é de outro lugar que Malu, como costuma ser chamada, pega sua fatia de memória. A carne ensopada com vagem contém o aroma de uma infância “vivida, e não passada”, rodeando…
Os ovos de Páscoa da “interminável” avó Marieta são recheados de doce de leite e amendoim
O processo tem início em todos os janeiros, com a coleta de cascas inteiras e esvaziadas de ovos de galinha. É provável que os deste ano já estejam prontos. Nesta fatia de memória, o paulista Fernando Claudio detalha uma tradição que em sua família existe e persiste pelas mãos da avó Marieta, a “interminável”. Morador de Santo…
O cheiro do cuidado, a comida do sítio
Neta de agricultores, Andressa Santos é paulista de Angatuba (1995). Cresceu em São José do Barreiro e hoje vive em São Paulo, no bairro do Bom Retiro. Para ela, a fatia de memória não existe em uma receita específica, mas no cheiro de cuidado da comida de sua avó, da cozinha do sítio, cheia de…
Em busca do bolo perdido
Nascida em 1961, a paulistana Magali Boguchwal Roitman viveu nos bairros de Bela Vista e Bom Retiro, antes de se mudar para Moema. Há anos ela se pergunta aonde foi parar o chamado “bolo pelé”, de chocolate, molhadinho pela calda de laranja derramada sobre a massa ainda quente. Sua mãe sabia de cor o modo…
Carijó de feijão e arroz na panela de ferro
A panela de ferro era uma espécie de contadora de histórias na casa em que cresceu a gaúcha Jozieli Camargo Noquete Weber, de 23 anos. A mãe aproveitava a gordurinha e o molho da carne feita no almoço para, no jantar, fazer surgir da mesmíssima panela um prato novo que ela chamava de “carijó”, comida até o…
A colher de ferro e a cantilena do mingau de feijão com pimenta-brava
A avó de Rodrigo Moreira de Faria, mineiro de Belo Horizonte nascido em 1954, usava uma colher de ferro para mexer em uma panela, também de ferro, o feijão do dia bem amassadinho, umedecido em molho quente de pimenta-brava. Óleo para brilhar, farinha de mandioca para engrossar. Era esse poderoso mingau que seus filhos comiam…
O nhoque de batatas no almoço de domingo
A mãe, de família parte carioca, parte alagoana, sempre soube mais de cuscuz e de feijão do que da culinária que pautava, na origem, o gosto de seu marido, um filho de italianos. Aos domingos, porém, ela se esmerava em agradá-lo à mesa justamente com frango assado, maionese e um importante nhoque de batatas cujo ponto…
Quibe: sempre aos domingos
Aos domingos em Três Lagoas, a menina Marta sentia o vestidinho pinicar na pele. O que era para ser desconforto na verdade desaparecia na expectativa de reencontrar, no bar da avó, o quitute preferido: quibe. Marta Denise da Costa Santos nasceu em 1964, no Mato Grosso do Sul. Depois de viver em São Paulo e…