Quitutes juninos, com amor e sorte, sem milho nem amendoim

As festas juninas de nosso tempo parecem ter gosto de milho. Curau, canjica, pamonha. E de amendoim também. Pé de moleque, paçoca doce. Mais recentemente, festa junina também ganhou gosto de sanduíche de pernil, de churrasquinho de carne e até de qualquer outra coisa “gourmet” da vida. Mas já houve um tempo em que, além dos…

Saudade, amor, São João e cachaça

No último sábado, 18 de junho, montamos pela primeira vez nossa barraca Lembraria de comidinhas do passado e a levamos para a festa do Dia da Música da Banca Tatuí, na rua Barão de Tatuí, em Santa Cecília, São Paulo. Com a ajuda da amiga e cozinheira Renata Helena Rodrigues, passamos algumas semanas preparando, testando e adaptando…

Vermelho Amargo

Se a chuva chovia mansa o dia inteiro, o amor da mãe se revelava com mais delicadeza. O tempo definia as receitas. Na beira do fogão ela refogava o arroz. O cheiro do alho frito acordava o ar e impacientava o apetite. A couve, ela cortava mais fina que a ponta da agulha que borda…

Dona Flor e seus improvisos

  Vinte bolinhos de massa puba ou mais, conforme o tamanho que quiser. Aconselho dona Zélia a fazer grande de uma vez, pois de bolo de puba todos gostam e pedem mais. Até eles dois, tão diferetens só nisso combinando: doidos por bolo de puba ou carimã. Por outra coisa também? Me deixe em paz,…

Sobre abismos e tortas de cebola

Recordo furiosos ataques de abstinência de nicotina, meu corpo entorpecido, fissurado enquanto eu vasculhava entre as almofadas do sofá e rastejava embaixo dos guarda-louças em busca de moedinhas perdidas. Por dezoito cêntimos de franco (mais ou menos três centavos e meio de dólar), dava para comprar cigarros de uma marca chamada Parisiennes, vendidos em pacotes…

Biscoitos “da sorte” tradicionalmente paulistas (e juninos!)

Muito antes de qualquer influência chinesa em São Paulo, quando o bairro da Liberdade nem sonhava ser oriental, alguns estabelecimentos da cidade já serviam biscoitinhos da sorte – que, de inspiração asiática, aliás, nunca tiveram nada. Os quitutes paulistas da “sorte” eram, na verdade, antigas receitas de bolinhos, sequilhos e roscas que, em junho, por volta da segunda metade…

Aurélia foi embora

O café ficou por algum tempo deitado sobre o balcão e perdeu os primeiros vapores da transitoriedade. Quando a menina trouxe a xícara e colocou-a à sua frente como quem dá uma sentença (de morte), ele agradeceu, bebeu, tentou não contorcer demais o rosto e, em seu habitual estado de autodestruição, pediu outro. Camicase. Traga…

“Junho é bom como uma saudade”

E, finalmente, ela tirou a folhinha de maio da parede; apareceu a de junho. Uma sensação meio mística a encheu por dentro, com sabor da canjica que a mãe, desde cedo, deixava aferventar no fogão. O pai estava animado: a poucas semanas seria noite de São João, véspera do dia 24, aquela em que todos…